
Antes de falarmos sobre a infertilidade masculina, precisamos falar sobre a infertilidade do casal.
O que é infertilidade do casal:
Não se assuste com a palavra infertilidade. Esta é uma condição do casal, que pode ser investigada e tratada. Difere do termo estéril, quando de fato não há possibilidade de gravidez devido alguma condição permanente.
É considerado infértil o casal que não conseguiu engravidar após um ano de tentativa, com relações frequentes, quando a mulher tem menos de 35 anos.
Nos casos em que a mulher tem 35 anos ou mais, passa-se a considerar infértil o casal que ainda não conseguiu engravidar em 6 meses, justamente para que mais precocemente os problemas deste casal sejam identificados e tratados.
Qual médico trata a infertilidade masculina?
O médico que trata a infertilidade masculina é o urologista.
O Dr. Ricardo Lopes é Urologista formado pelo hospital das clínicas da UFMG e atua na área de infertilidade masculina, tanto nos tratamentos clínicos como cirúrgicos.
Agende a sua consulta para uma avaliação minuciosa de todos os fatores masculinos que podem estar impedindo uma gravidez.
Infertilidade masculina: por que investigar o homem?
O homem é responsável por 30 % dos casos de infertilidade isoladamente e em 20% dos casos existe o problema masculino e feminino ao mesmo tempo. Portanto, nada justifica a demora que ainda hoje observamos nos consultórios na procura do homem para esta avaliação.
Além disso, os pacientes que passam por quadro de infertilidade tem mais chances de terem problemas de saúde como: alterações hormonais, tumores testiculares, dentre outros.
A verdade é que ninguém engravida sozinho e o ideal quando a gravidez não está vindo é que homem e mulher sejam investigados ao mesmo tempo.
O que é o espermograma:
O espermograma é o principal exame realizado hoje em dia para a avaliação da fertilidade do homem. Nele são identificados diversos fatores do sêmen, dentre os principais estão:
- O volume do líquido seminal.
- A concentração de espermatozoides por mL.
- A proporção de espermatozoides com motilidade progressiva.
- A morfologia (avaliação do formato) destes espermatozoides.
Alterações destes parâmetros podem estar associados tanto a uma dificuldade em se obter a gravidez como também podem estar associados a gravidezes que evoluem com abortamento.
Em geral, a abstinência ejaculatória solicitada para este exame é de 2 a 5 dias. O espermograma deve idealmente ser repetido com intervalo mínimo de duas semanas entre as coletas para se ter certeza de que a alteração realmente existe e não foi apenas um erro de laboratório ou uma situação pontual.
Um espermograma normal, por si só, não é um atestado de fertilidade para aquele homem. É necessário uma avaliação médica para descartar problemas na gravidez relacionado ao fator masculino.
Outro exame muito empregado nos dias de hoje é a pesquisa de fragmentação do DNA espermático. Com ele, será avaliada qual a porcentagem dos espermatozoides que apresentam este tipo de alteração no seu material genético. Uma fragmentação elevada também está associada a dificuldade de gravidez e abortamento.
Investigação das causas da infertilidade masculina:
Algumas situações clínicas podem levar a piora da qualidade seminal e infertilidade masculina. São elas:
- Varicocele: considerada a principal causa de infertilidade masculina, acometendo em até 35% das vezes os homens inférteis, a varicocele nada mais é do que varizes nas veias que drenam o sangue do testículo, podendo ser unilateral ou bilateral. A cirurgia para corrigir este problema é um tratamento eficiente.
- Alterações hormonais: a produção de espermatozoides é controlada pelo eixo hormonal sexual. Nesta avaliação, exames como os de testosterona, estradiol, FSH, LH e prolactina podem ser solicitados e, a depender do resultado, um tratamento de alteração hormonal pode ser iniciado.
- Obesidade: esta condição pode alterar o seus hormônios, aquecer os testículos e também está associada a má qualidade alimentar. O tratamento nestes casos não vai ser exclusivamente o emagrecimento, pois muito pode ser feito, mas com certeza uma dieta saudável está associada a uma melhora da qualidade seminal.
- Cigarro: O tabagismo está associado a um aumento circulatório dos radicais livres de oxigênio e está muito relacionado a uma piora dos parâmetros do sêmen. Interromper o tabagismo pode ser essencial neste tratamento. Outras drogas como a maconha já foram bem estudadas e apresentam efeito deletério sobre os espermatozoides.
- Genética: alterações no DNA podem causar até mesmo graves alterações no espermograma. Isto não significa que estes pacientes não poderão ter filhos, mas apenas que necessitarão de um tratamento diferenciado. São exemplos a síndrome de Klinefelter e o gene da fibrose cística.
- Infecções testiculares: bactérias causadoras de infecção urinária, clamídia ou gonorreia podem em algumas situações acometer os testículos e os epidídimos causando dificuldade em se ter filhos.
- Falhas da ejaculação: existem situações na qual o sêmen pode estar bloqueado por cistos na próstata. Já em alguns casos, parte do sêmen pode estar indo para a bexiga ao invés de ser expelido. O interessante é que nas mãos de um especialista, esses casos podem ser identificados e revertidos.
- Caxumba: se acometeram os testículos na adolescência, podem causar infertilidade.
- Criptorquidia: são aqueles casos nos quais o testículo nasce no abdome, na pelve ou na virilha, de um dos lados ou bilateralmente. Mesmo operados precocemente, o ideal é que estes pacientes sejam acompanhados quanto à fertilidade desde a adolescência.
- Câncer: tanto alguns tipos de tumores quanto alguns tratamentos de quimio e radioterapia podem ocasionar quadros de infertilidade. Caso se inicie hoje em dia um tratamento que pode afetar a fertilidade do homem, existe a opção do congelamento nos bancos de sêmen para se preservar a fertilidade.
- Esteroides anabolizantes: o abuso destas substâncias para fins estéticos leva a uma drástica redução na contagem de espermatozoides devido a um feedback negativo causado pela testosterona no eixo hormonal masculino. A maioria dos casos seria de fácil tratamento e reversão, mas muitos pacientes, por estarem viciados nestas substâncias, acabam não seguindo os protocolos por muito tempo e retornando ao uso de anabolizantes após um curto período de suspensão.
- Idade: sabe-se que com o avanço da idade masculina costuma ocorrer um declínio dos parâmetros seminais. Algumas doenças, como é o caso do autismo e da esquizofrenia, podem apresentar maior incidência quando os pais tem mais de 45 anos.
- Exposição a calor: Os testículos se localizam na bolsa escrotal justamente para que a produção de espermatozoides ocorra em temperatura 1-2 graus a menos do que a temperatura corporal. Trabalhadores de alto-forno e pessoas que utilizam sauna com frequência podem ter a qualidade seminal reduzida, pelo próprio aquecimento testicular.
- Ciclismo de alto rendimento: tornou-se comum pessoas praticarem ciclismo por 3 a 4 horas seguidas. O trauma local repetido e o aquecimento da região genital, principalmente associados a outros fatores de risco podem ser responsáveis por uma dificuldade de se obter a gravidez.
- Exposição a substâncias: pode ser prejudicial a exposição a agrotóxicos, metais pesados, disruptores endócrinos dentre outros produtos.
- Idiopática: embora diversos fatores de risco sejam associados a uma piora da qualidade do sêmen e consequente infertilidade masculina, em 30% dos casos analisados não é possível entender o motivo desta infertilidade. Mesmo sem causa identificada é possível na maioria das vezes tratar este homem que busca engravidar a sua parceira.
Reversão de vasectomia
Seja por mudança de parceira, falecimento de um filho ou alterações em condições econômicas e sociais, 5% dos homens que fizeram a vasectomia mudam de ideia e decidem ter filhos após a realização do procedimento.
Para estes homens existem duas opções: a realização de uma fertilização in vitro ou a reversão da vasectomia.
A reversão da vasectomia é uma cirurgia factível, sua taxa de sucesso está associada ao uso da técnica microcirúrgica, à experiência do cirurgião neste procedimento e ao tempo de vasectomia daquele paciente.
As taxas de sucesso em relação ao tempo de procedimento são:
- menos de 3 anos: 75%
- 3 A 8 anos: 55%
- 9 A 14 anos: 45%
- mais de 14 anos: 31%
Se tem interesse em realizar a reversão de vasectomia pela técnica microcirúrgica, agende a consulta com o Dr. Ricardo Lopes para maior esclarecimento clicando no botão abaixo.
Azoospermia obstrutiva X não-obstrutiva:
De todas as alterações possíveis do espermograma, a mais grave e que mais assusta os casais é a azoospermia, que é a ausência de espermatozoides no sêmen. Existem dois tipos de azoospermia:
A obstrutiva ocorre quando os espermatozoides estão sendo produzidos normalmente nos testículos mas por algum tipo de obstrução não conseguem se misturar ao sêmen.
A não-obstrutiva ocorre quando os testículos estão com falha na produção de espermatozoides. Porém, estes podem ser obtidos por meio de uma biópsia testicular convencional ou microscópica, com sucesso no seu encontro em até 50% das vezes, para a realização de fertilização in vitro.
Para casais que não tiveram sucesso em obter espermatozoides após o tratamento, existe a opção do uso de sêmen de doador, através dos bancos de sêmen.
Banco de sêmen
Uma alternativa nos casos de azoospermia ou alterações graves do espermograma é o uso do sêmen de doador. As pessoas podem optar por acessar bancos de sêmen nacionais ou internacionais.
Os bancos de sêmen nacionais são mais escassos em termos de amostras, pois no Brasil é proibida a remuneração na doação de gametas. Os casais tem acesso a informações dos doadores como tipo e cor de cabelo, pele, olhos, altura.
Já os bancos de sêmen estrangeiros permitem o acesso a informações mais complexas relacionadas à saúde do doador e da sua família, acesso a gravações da voz do doador e suas fotos de infância, além de um painel genético mais completo.
O uso dos bancos de sêmen no Brasil também é permitido a casais homoafetivos e para reproduções independentes (mães solo).
A má qualidade do semen atrapalha a Fertilização in Vitro (FIV)?
Quando optado pela realização de Fertilização in Vitro (FIV), o casal deve estar atento ao seguinte fato: a má qualidade do sêmen pode afetar negativamente os resultados da FIV, aumentando as taxas de falha e abortamento, por exemplo.
Desde que não se atrase o tratamento no caso de uma parceira com mais idade ou com baixa reserva ovariana, os fatores masculinos que estão alterando a qualidade seminal devem ser tratados, de forma que o homem chegue ao momento da fertilização em sua “melhor forma” e com isto o casal saiba que deu o seu máximo para que aquele procedimento dê certo.
Métodos de seleção espermática
Alguns homens, mesmo após o tratamento estabelecido, podem não ter uma melhora completa dos parâmetros seminais. Com isto, pode restar ainda um aumento das taxas de fragmentação do DNA espermático.
Existem algumas metodologias de laboratório que podem na hora da fertilização ajudar na identificação dos melhores espermatozoides. Considero as melhores o Swim-up modificado, as técnicas de microflúido e as técnicas com uso do ácido hialurônico. No entanto, esta indicação depende de parâmetros individuais e devem ser bem analisadas pelo ginecologista e o urologista.
Por onde começar!
A infertilidade é um assunto complexo, tanto do ponto de vista médico quanto do ponto de vista psicológico. Um casal que passa por esta dificuldade necessita de todo apoio.
É importante encontrar profissionais humanos, éticos e com quem o casal se identifique. É indispensável que homem e mulher sejam bem investigados e esclarecidos, e que a boa prática médica e os desejos individuais sejam respeitados!